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Fantasma dos incêndios ainda assusta

por Luiz Eugenio

A tão sonhada solução para o fim dos problemas de infra-estrutura em barracões de escolas de samba, pelo visto, ainda está longe de acontecer. O incêndio de semana passada trouxe à tona a velha discussão sobre segurança nos barracões. A Cidade do Samba mostrou-se frágil em seu primeiro incidente.

Nesta segunda-feira (14), integrantes da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) fazem, às 14hs, vistoria nos barracões da Cidade do Samba, com a intenção de analisar as instalações e verificar as condições de segurança do local. A medida visa a identificação de possíveis falhas de segurança, que possam contribuir ou facilitar a ocorrência de acidentes.

De concreto já é possível identificar duas falhas: a ausência de uma brigada permanente do Corpo de Bombeiros - tanto que a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) já pediu ao Governo do Estado do Rio de Janeiro a criação de uma brigada no local – e o redimensionamento do sistema antifogo, que se mostrou insuficiente para debelar o incêndio. A construção geminada dos quatro barracões que compunham um bloco, também pode ter sido determinante para que o incêndio alcançasse tal proporção.

Incêndios em barracões acontecem com freqüência no Rio de Janeiro. Veja o histórico levantado pela Cadência da Bateria. Só este ano foram quatro agremiações atingidas:

No dia 30 de janeiro de 1997, setenta funcionários trabalhavam no barracão da Mangueira quando uma das alegorias, que utilizava grande quantidade de espuma, começou a pegar fogo. No barracão não havia extintores de incêndio, mas os operários conseguiram apagar as chamas. Ninguém ficou ferido. Um dia depois, um princípio de incêndio também assustou quem trabalhava no Barracão da Mocidade Independente de Padre Miguel. Mais uma vez a rápida ação dos funcionários impediu que o fogo se alastrasse.

Em janeiro de 1999 uma fagulha do equipamento de solda atingiu uma das esculturas do carro alegórico da União da Ilha. O fogo se espalhou rapidamente alcançando as outras alegorias que estavam no barracão. Ao todo seis carros foram perdidos. As fantasias que também estavam no barracão foram salvas por funcionários da Viradouro e Imperatriz que naquela época tinham seus barracões próximos à União da Ilha.

Em abril de 2002 o segundo andar do antigo barracão da Beija-Flor foi atingido por um incêndio que destruiu 40 fantasias. Mais uma vez a ação dos funcionários do barracão foi decisiva, evitando que o fogo se alastrasse. Quando os Bombeiros chegaram o incêndio já havia sido debelado.

No ano seguinte a Porto da Pedra também amargou um grande prejuízo, quando uma centelha de maçarico atingiu um pedaço de espuma da alegoria que recebia reparos em sua ferragem. A alegoria teve de ser reconstruída em apenas 30 dias, e o prejuízo foi avaliado em R$ 100 mil. Não houve feridos, mas o soldador que trabalhava nas ferragens teve de ser hospitalizado por intoxicação.

Em 2004 quem levou um susto foi a Lins Imperial. Um galpão vizinho, que havia sido ocupado pela Acadêmicos do Sossego e estava sendo utilizado por moradores de rua, foi totalmente destruído por um incêndio provavelmente causado por seus freqüentadores. Por precaução o barracão da Lins foi desocupado até a chegada dos Bombeiros.

Faíscas de maçarico também podem ter provocado um incêndio numa das alegorias da Portela em 2005. O carro de aproximadamente 15 metros e seria acoplado ao abre-alas, estava sendo confeccionado no barracão da escola de samba Inocentes de Belford Roxo, foi totalmente destruído.

Em 2007 o fogo consumiu o atelier de pintura da Leão de Nova Iguaçu na zona portuária. O local era utilizado por outras três agremiações de grupos intermediários.

Quatro meses após o carnaval 2010 a Viradouro também teve uma alegoria destruída pelo fogo (foto). Rebaixada após o carnaval, a escola de Niterói teve de tirar suas alegorias da Cidade do Samba e levar para o amplo barracão da Inocentes da Belford Roxo. Segundo testemunhas um homem arremessou um objeto em chamas por cima do muro do barracão. A alegoria que estava mais próximo ao muro acabou atingida. Os Bombeiros foram acionados a tempo de evitarem que as chamas atingissem os outros 8 carros da Viradouro e os seis da Inocentes que dividiam o espaço.

Na manhã de 14 de setembro de 2010, um incêndio atingiu um barracão desativado de uma escola de samba, na rua Santo Cristo, esquina com rua Pedro Alves, no Santo Cristo, região central do Rio de Janeiro.

Dois dias antes do incêndio que destruiu os barracões da Grande Rio, Portela e União da Ilha na Cidade do Samba, a Alegria da Zona Sul, que desfila pelo Grupo de Acesso, teve que ser evacuado por causa de um incêndio. Os bombeiros foram chamados por volta das 14h e conseguiram conter as chamas. Não houve vítimas nem informações sobre o que possa ter provocado o incêndio. O prefeito Eduardo Paes anunciou após o acontecido que vai construir uma segunda Cidade do Samba para o grupo de acesso, nos moldes do espaço hoje utilizado pelo Grupo Especial.

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