GRUPO ESPECIAL, GRUPOS DE ACESSO E BLOCOS DA CAPITAL FLUMINENSE

Sinopse do enredo da União de Jacarepaguá para o carnaval 2013


GRES UNIÃO DE JACAREPAGUÁ - CARNAVAL 2013

PRESIDENTE: REINALDO BANDEIRA
CARNAVALESCO: JORGE CARIBÉ

“DOS BARÕES DO CAFÉ À CIDADE UNIVERSITÁRIA, VASSOURAS, OURO VERDE DO BRASIL.”

SINOPSE

            Detentora de um riquíssimo legado histórico cultural, herança dos tempos áureos do café no Vale do Paraíba Fluminense, Vassouras é considerada um berço da diversidade cultural, e tem se consolidado como um importante destino turístico no estado do Rio de Janeiro. Parte desse legado se materializa pelo conjunto urbanístico e paisagístico existente até hoje na cidade.

            Vassouras viveu o marco inicial do processo de transplantação de elementos da cultura clássica européia, para sua leitura em brasilidades. Herança da época dos barões do café, a cidade possui um centro histórico provido de grandiosos palacetes e suntuosos casarões, reflexo das suas histórias cheias de riquezas.

            Marca de um tempo chamado então de, “ouro verde”, em que a cidade foi o coração do Brasil Império movido pela economia do cultivo do café e pelas mãos dos escravos.

            O Médio Vale do Paraíba Fluminense foi o destino do maior contingente de africanos, desembarcados nos portos do Rio de Janeiro, durante a primeira metade do século XIX, quando se deu a implantação e ampliação da cultura do café plantada na mão-de-obra escrava. O fluxo sem precedentes de pessoas alterou drasticamente a demografia do lugar. Mais que mão-de-obra, os africanos e seus descendentes trouxeram mudanças substanciais na forma de viver em sociedade no Brasil.
            Suas heranças culturais foram incorporadas a tantas outras tradições, formando uma identidade única, a de brasileiro. Grande parte desta riqueza ainda permanece presente na diversidade dos grupos e manifestações religiosas e culturais de Vassouras. Jongueiros, Capoeiristas e Calangueiros dividem espaço com as Folias de Reis, Festas Juninas e grupos folclóricos enchendo seu cotidiano de cor e alegria.

            Atualmente existe o conflito entre o passado, estampado nos casarões e o futuro que brilha no olhar da juventude, freqüentando a universidade, símbolo de energia que pulsa nas ruas, dividindo com a escola de cervejaria e a fazenda de genética. Assim o turismo aposta todas as fichas na historia do passado, nos velhos tempos do baronato e, sobretudo na grande divida que o Vale do Café possui com a cultura africana e sua gigantesca legião de descendentes.

            Assim Vassouras, uma cidade histórica, com uma pitadinha na dose certa de futuro e que preserva suas raízes fincadas nas terras do ouro dos barões, com o sangue e suor negro, em meio a tijolos centenários e a juventude estudando rumo ao futuro melhor.

Este é o carnaval do Grêmio Recreativo Escola de Samba União de Jacarepaguá com luxo e simplicidade, exalando um aroma de café para enfeitiçar a Sapucaí, acreditando na força dos negros africanos, que faremos um grande espetáculo para galgarmos com humildade o campeonato tão esperado.

Jorge Caribé - Carnavalesco


FONTE DE PESQUISA: PREFEITURA MUNICIPAL DE VASSOURAS E SECRETARIA DE CULTURA E TURISMO DE VASSOURAS.

Sinopse 2013 da Imperatriz


PARÁ - O MUIRAQUITÃ DO BRASIL
“Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia.”
(Eça de Queiroz)

Bateu com o pé direito no chão com mais força, depois cuspiu para frente! Pronunciou           
duas ou três vezes com voz rouca: Hê, hyá, hyá, hyá, e seguiu dizendo:

 Cúara tece o inicio do dia
 É de manhã!
O oby tinge a retina dos olhos de quem vê
Chocalho de cobra, onça pintada, ariranha, garça branca e guará!
Cheiro de mato.
É o Uirapuru quem canta primeiro.
Levo as mãos à pedra verde: Dê-me a sorte oh Muiraquitã!

O ibitu sopra o destino das águas
Faz o verde do aningal se apekúi
Por de trás da folha verde se vê o povo Tupinambá!
No corpo, seu manto sagrado de pena
 Na alma, a incorporação do poder de um gavião real!
Festança de índio, dia para ritual!
É Karajá, Tapajó, Kayapó, Arara, Araweté, Munduruku e Assurini.
Sou morubixaba de tudo que se vê por aqui!

No verde encontrei riqueza, “jóia” de índio!
A riqueza que “karaiba” gostou:
O sabor do açaí, a fibra do cupuaçu, tucumã, taperebá e bacuri.
Peixe do rio, caroço da inajá!
É meu, mas eles querem!
A cobiça cruza nossas águas em barco grande
Os olhos do Mapinguari
A boiúna faz as águas se apekúi
É gente que chega! Gente de todo canto
A taba pinta o corpo pra luta
Tupã faz o céu roncar!
Tá guardado no seio da natureza a riqueza que eles procuram
De tudo um pouco eles querem levar
Do ouro da serra à seiva que escorre da ferida no tronco da árvore
Faz seus olhos brilharem!

               A “fortuna” que a borracha do tempo ainda não pode apagar!
Tá aqui até os dias de hoje
Em fachada de casa
Em cristal de lustre que “alumeia” a beleza do theatro.

Até hoje é assim! Pra falar de riqueza pelas bandas daqui, tem que voltar pra floresta
O dono da terra é quem ensina como é que faz pra lidar com a natureza
Pois é dessas matas que as sementes colhidas vão enfeitar outros chãos.
Dar adeus a floresta nativa, ser polida, jóia cabocla...sonho de artesão.

               Nesse dia, quando o homem aprender com a gente daqui, a natureza respeitar
Todo povo vai sair na rua pra cantar.
Nas terras do Marajó, Marabá, Santarém ou em Belém.
Nossa gente vai festejar:

Traz jambú, camarão seco, tucupi e mandioca.
Oferta a toda gente o tacacá!
Leva o Boi pra rua
               Faz festa pra saudar o Boto!
               Põe a Marujada pra dançar!

Saia de roda e estampa florida
Roda menino, gira menina
Canta a ciranda mais bonita
Dança o Carimbó e o Siriá!
“Treme” o Povo do Pará!

O artesão fez a sua peça mais bela para ofertar:
Cestaria, cerâmica, um trançado de juta
Da cabaça ele fez cuia, do Miriti arte para brincar!

O romeiro ergue as mãos
Fita com os olhos o azul que tinge o céu.
A santa ouviu a prece do caboclo:
Na corda dos milagres, graça alcançada.
São Mãos que sangram em fé!
Nessa longa caminhada.

Outubro se faz agora!
Meu povo já está na rua
Do altar do carnaval se avista o andor e a berlinda florida
A voz do povo faz o canto ecoar mais uma vez
Quem pede é o folião,
Por hoje, romeiro de fé:

Oh Santa!
Dai-me nas Cinzas desta quarta-feira,
O caminho para mais uma vitória
E uma alegria para a vida inteira!

             O Pará, seu sabor, seu cheiro, sua gente, suas tradições, estão na Avenida.
             É a Imperatriz quem lhe apresenta aos olhos do mundo:
             No futuro, um exemplo a ser seguido.
          
Carnavalescos:
Cahê Rodrigues, Kaká e Mario Monteiro

Pesquisa e texto:
Cahê Rodrigues e Leandro Vieira

Agradecimento especial: 
Sergio Oliveira, grande conhecedor da cultura paraense, pelo apoio consultoria prestada para construção do enredo.
GLOSSÁRIO:
Hê, hyá, hyá, hyá – Canto tupinambá
Cuara – sol
Oby – verde
Ibitu – vento
Apekúi – alvoraçar
Morubixaba – cacique, chefe da tribo
karaíba – homem branco
MapinguariMapinguari tem o corpo todo coberto de pelos, com a aparência de um enorme       macaco. Possui um único olho na testa e uma boca gigantesca que se estende até a barriga.
Boiuna - Cobra grande 
Taba – Aldeia, Lugar
Muiraquitã- Espécie de amuleto da sorte para os índios
Kayapos, Mundurucu,Asirini, Tapajós, Tupinambás: Tribos Indígenas
O Aningal - é uma plantação característica das ilhas aluviais dos rios amazônicos, principalmente às margens dos rios e igarapés amazônicos.
Cupuaçu,Tucumã, Bacuri, Taperebá – Frutas da região
Jambú – É uma erva típica da região norte do Brasil, principalmente região amazônica e no estado do Pará.   
Tucupi – É um tempero e molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca.
Tacacá - É uma iguaria da região amazônica brasileira, em particular do Pará.  
O Síria - Dança brasileira originária do município de Cametá, localizado no estado do Pará.
O Carimbó - A mais extraordinária manifestação de criatividade artística do povo paraense, misturando dança e canto.
A Marujada – Uma das mais belas manifestações religiosas do folclore paraense.
O  “Treme” - é o mais recente ritmo do Pará. Uma mistura de música  eletrônica misturada a outros ritmos populares do estado.
Berlinda – Espécie de cúpula que leva a nossa Senhora do Nazaré no dia da procissão.

Da Coréia a Belford Roxo


Wagner e Reginaldo com  Coreanos (foto: Marcos Fernandes)
A recém promovida ao Grupo Especial, Inocentes de Belford Roxo, divulgou a sinopse do enredo para o carnaval 2013. Confira:
 
Enredo: "As sete confluências do Rio Han"

"A água me contou muitos segredos
guardou meus segredos
refez meus desenhos
trouxe e levou meus medos"
Caetano Velloso

O G.R.E.S. Inocentes de Belford Roxo tem a honra de abrir o maior espetáculo da terra, apresentando o enredo "As sete confluências do Rio Han". Conta com a proteção de Yondung Halmoni, a Deusa do Vento, e o desejo de águas calmas para fazer fluir sua história, acompanhada do bater dos tambores Buk e Janggu, que vêm dar acento a nosso samba.  A escola traz as tradicionais moradas coreanas, as hanoks, e o maravilhoso palácio Gyeongbokgung adornados com flores tropicais e matizados pela cultura brasileira, representando a acolhida aos coreanos que há 50 anos vem imigrando para o Brasil.  Vai contar 5.000 anos de história em uma saga poética e ilustrando algumas décadas da jovem nação que surpreendeu o mundo com seu avanço, crescendo com a força de um tigre.  Vai entrelaçar passado - marcado por batalhas, resistência e luta, presente – com a afirmação de uma nova identidade - e o futuro que se afigura brilhante, no ritmo das águas e ao sabor das marés.  Vai buscar no fundo das águas a força das mulheres mergulhadoras, as haenyos e vai contar o recomeço desta antiga nação, bela e resistente como sua Rosa de Sharon, a Mungunghwa, flor símbolo da Coréia do Sul.

O homem é resultado das gerações que o precedem, de um longo processo acumulativo que desenha seus traços e molda sua cultura.  Mas é um ser mutante, cuja vontade leva ao crescimento e às mudanças, ele domina seu destino, reverte caminhos, traça novos rumos para si.  Assim é a Coréia, uma nação que decidiu mudar, escolheu um futuro para si e transformou-se radicalmente em um curto intervalo de tempo.

No Brasil a crescente colônia coreana trouxe a riqueza de suas tradições e moldou-se ao país da antropofagia.  A bordo do gigante navio holandês Tjitjalenka, os primeiros coreanos trouxeram seus sonhos de prosperidade.  Navegar é neste sentido uma construção de ilusões.  No Bom Retiro brasileiro a saudade e a esperança se encontram, a caminho da Liberdade.  Nestes pontos a colônia se concentra para manter vivas as tradições dos homens que tem Hananim no coração

O enredo da Inocentes flui como a água, usando a tradição e a contemporaneidade para mostrar a riqueza dual da nação.  De forma lúdica vamos desdobrar cultura, religião, indústria e progresso como aspectos confluentes de um mesmo povo.  Rituais, danças, alegorias, cores e sons peculiares vão contribuir para a personificação da Coréia na Marquês de Sapucaí.

Vão rufar os yengos invocando os espíritos e abrindo a dança para os céus – o calendário lunar avisa que é dia de festa para celebrar a boa colheita.  A colheita que para nós é um belo desfile.

As tradições milenares e a nova tecnologia se unem com a benção de Maytreia e a combinação dos traços dos povos que compõem um mosaico de cores e tons que simbolizam mais do que a unificação de bandeiras, reinos, dinastias, tradições.  A soma é maior que as partes.  O movimento das águas mistura e purifica.  Suas correntes não aprisionam, libertam para a utopia que veleja entre o real e o imaginário, confluindo neste Rio de Janeiro, a cidade do Maravilhoso, que tem também a sua mistura, de ginga,  paixão e fé, que orienta o Brasil.

Carnavalesco – Wagner Goncalves
Pesquisa e texto – Roberta Alencastro Guimaraes e Wagner Goncalves

Arranco 2013: "Boca de Cena"

Arranco do Engenho de Dentro - Carnaval 2013
Enredo: Boca de Cena

Sinopse:

O GRES Arranco do Engenho de Dentro abre as cortinas da folia para apresentar na avenida uma nova montagem de um espetáculo vibrante, com seleto elenco das diversas linguagens teatrais.

Configuradas como um grande painel de magia e esplendor, várias facetas da boca de cena serão apresentadas sob a ótica do folião do nosso Carnaval, que se deliciará num caleidoscópio de emoções.

Nossa Boca de Cena em desfile é um convite à sedutora tentação de reinventar deliciosas histórias que nos foram apresentadas ao longo dos séculos, de tentar mudar o rumo dos fatos e até mesmo de visitar o inexorável futuro.

Com as bênçãos de Dionísio, deus do teatro, a avenida, iluminada e festiva, num grande palco de alegria vai se transformar.

Numa bem ensaiada e divertida montagem teatral, subirão ao palco da folia personagens incríveis que povoam a imaginação e mexem com a emoção dos espectadores.

Hábeis na arte de improvisar, Arlequins e Colombinas apaixonados dançam ao som do samba para representar a Comédia dell’arte, em divertidas performances acrobáticas e pantomímicas.

Sem a pretensão moralizante, farsantes caricatos do teatro cômico medieval adentram a cena para satirizar fatos do cotidiano e arrancar do público gostosas gargalhadas.

Companhias teatrais mambembes chegam de todas as partes em suas carroças enfeitadas trazendo suas trupes para se juntar à nossa grandiosa produção. Representando peças cômicas ou dramáticas, vão encantar a plateia com seu esmerado figurino e singelos cenários.

De olhinhos puxados, desembarcam no nosso democrático palco representantes do importante teatro japonês. Atores das modalidades Nôh e Kabuki se exibem interagindo com o público e usando máscaras belíssimas com muita música, dança e mímica.

Sob um tênue foco de luz, uma angustiada cantora careca que se comunica com dificuldade e os semipalhaços Vladimir e Estragão esperam ansiosos pela ajuda de Godot que nunca chegará. Neste ato, entra em cena o absurdo do teatro, momento em que são encenadas situações chocantes e disparatadas, onde a falta de sentido constitui o próprio sentido da realidade retratada.

Também participam de nossa encenação carnavalesca memoráveis artistas que brilharam no teatro brasileiro de Revista. Carmem Miranda, Elvira Pagã e as sensuais e voluptuosas vedetes têm entrada triunfal cantando e dançando para delírio da assistência.

Mãos habilidosas fazem aparecer no palco vários tipos de bonecos articulados para animar nosso espetáculo. Essa variedade cênica composta por fantoches, marionetes e mamulengos, cuja destreza de seus manipuladores impressiona, têm o poder de encantar gerações, tocando-lhes o coração com a singeleza das histórias apresentadas.

Sombras provenientes de mãos adestradas ou por silhuetas de papéis recortados sob a luz dão formas a protagonistas inusitados que falam, cantam e dançam. Originária da China antiga, essa modalidade cênica lembra aquela típica brincadeira de criança de criar bichos em movimento com as sombras das mãos entrelaçadas.

O teatro feito para a criançada é repleto de criatividade para aguçar o imaginário e a fantasia da garotada. Personagens marcantes dos contos de fadas e das fábulas, na eterna luta do bem contra o mal, ganham vida para alegrar os pequeninos. As risadas genuinamente inocentes são o que há de melhor numa peça infantil.

Máscaras de tipos diversos, maquiagens de efeito, figurinos deslumbrantes, cenários de pura emoção, iluminação vinda da alma e tantos outros elementos cênicos dão vida a tantas tipologias teatrais e seus protagonistas em nossa imponente apresentação carnavalesca.

Na boca de cena transgressora, um turbilhão de ideias a cultivar. Com certeza, o público vai sair da passarela mais leve e feliz, alimentado da boa arte teatral montada com muito carinho por nossa escola.

Não importa se criança ou gente grande, o teatro faz viajar, imaginar, emocionar, divertir e rende muitas histórias. Semente do saber, arte de ensinar. É a representação alegórica da vida, onde tudo pode acontecer.    Basta apenas acreditar e sonhar!

Toca a bateria maestro! O espetáculo vai começar!

Desfile teatral: Boca de Cena
Direção: Tatiana Santos
Concepção, direção, cenário e figurinos: Severo Luzardo Filho
Pesquisa e adaptação textual: Julio Cesar Farias
Produção: G.R.E.S. Arranco do Engenho de Dentro
Local: Palco da folia da Intendente Magalhães
Duração: 50 minutos
Data: apresentação única no dia 10 de fevereiro de 2013
Valor do ingresso: sorrisos e aplausos
Censura: livre para todos os foliões

Confira a sinopse do enredo da Cubango para 2013

Enredo 2013: "Teimosias da imaginação"

A distancia medida pela pobreza
não pode impedir o reconhecimento;
e nem a arte, nem a capacidade de imaginar,
cabem nos rótulos baseados em origem social!


I
Todo artista tem que ir aonde o povo está!
Portanto, avante Cubango, nosso rumo é a Sapucaí e o Universo Criativo,
acompanhados do insubordinado Samba,
que carrega nas entranhas o desejo de sonhar:
quem já admira, aplauda,
E quem não alcança tanta originalidade, acorde e reconheça!

Empunhem retalhos de tecidos, latinhas de alumínio,
plástico, CDs, papelões, franjas, fitas, fuxicos e crochês,
troncos e galhos secos, pó de serra, coco, babaçu, látex.
Da moringa de barro, façam corpo de boneca,
E ao manto de Nossa Senhora,
Misturem panos de Yansã e Nanã.

II
Seria mais belo ver no Museu que ver empinado no céu do Cruzeiro do Sul?
Porque um mundo feito a maquina,
não compreende a beleza dos bordos irregulares do barro...

Escapemos do formalismo convencional esterelizante,
Fujamos das normas que desvirtuam a vocação.
Vamos superar a fronteira mentirosa que separa a arte em diversas categorias
(para supervalorizar aquela que interessa ao poder da hora, definidor).
Deixem os vidrados escorrerem desigualmente,
Apreciem a boniteza torta das canecas,
E a falta de equilíbrio total das jarrinhas.

A efemera arte carnavalesca,
retratando nossas obras-primas que não tem Agente nem falam inglês.
Tratamos daqueles que teimam em libertar o impulso imaginativo,
ainda que não tenham estudado nas Belas Artes universitárias,
e não se submetem aos cânones do "bom gosto" dos caras-pálidas.

Eles estão longe das galerias da moda.

Eles transcendem e flagram a força estética do nosso povo,
numa atividade solitária e única, sem pretensa erudição.

III
Viajemos aos rincões distantes do Brasil,
Onde o talento emana do brasileiro povo persistente, escancarando imaginários.
Habitam reinos de riquezas, não verbalizados nem justificados,
porque cada obra identifica um momento único,
em assinaturas que ecoam no infinito do tempo:
inspiração.

Memória misturada, liberdade espantosa,
irradiando uma sensibilidade incomum,
no desenho simples (e muito elaborado),
de um amorfo que vai ganhando significados Brasis.

A força de jazidas submersas,
Que nos leva a refletir sobre quem somos e de onde viemos.
Sofisticadas tramas cerzidas de penas, seda, argila, ferro e madeira: tradições!
Processos de construção simbólica da mais genuína arte brasileira.
Cordões em pêndulos para se entregar a Deus,
Que sopra a glória da vida nos mais diferentes suportes:
Impressionantes bonecos, pipas, quadros, brinquedos, grafites e plataformas virtuais.
Fazem, conhecem, expressam forças mentais.
Talento dos dedos de Artistas, que faz chorar de emoção;
um segredo, em mistério insondável da Criação.

IV
Eles estão pelos portos, nas feiras, em praças publicas.
Deles se diz: "sujeito que faz uns troços de barro ou de madeira",
ou "um tipo meio maluco que vive meio entocado lá pras bandas do rio".
Vidas em andanças, esperas e insistências.

E para que não fiquem famosos apenas depois de mortos,
Porque somos um povo ainda por descobrir nossa identidade cultural,

Aqui estão as mãos dos Mestres:

Dim, brinquedeiro nordestestino;
J. Borges, cordelista;
Bonequeiros Dona Isabel Cunha e Mestre Expedito;
Grafiteiros urbanos;
Ceramista Indígena Mestre Cardoso;
Reciclagem em Instalações de Cícero Alvesa;
Luzia dos Santos e seus Pavões de Cerâmica;
Os palhaços de resina de Mirtes Rufino;
Joca Galo com seus Galos metálicos;
Estandartes de Marcelo Brant;
Os Papangus de Sivonaldo Araújo;
A arte ingênua de Emerlinda;
Joana Lira e suas Instalações;
Rendas de Sami Hilal;
Xilogravuras de Derlon Almeida;
Esculturas de Miguel dos Santos;
Cerâmicas de Manoel Galdino;
Mestre Gerard, o Santeiro de Barro;
Bispo do Rosário, e suas Roupas para encontrar Deus;
As Pandorgas (pipas) de Valdir Agostinho;
Os Brinquedos de Getúlio Damado;
Gentileza e seus Murais...

E como carnaval também tem Mão de Mestre
O Vime do Victor e o Metal precioso de Shangai!

V
Resumo da Ópera:
dentre a gente simples e sábia, celebremos nossos Artistas.
Encham então os pulmões e cantem, com galhardia:
Arte, Artista, Povo Brasil.

Em vez de pegar o martelo e mandar a estátua falar,
Peguem as baquetas e ordenem às criações geniais,
Obras de arte que tanto orgulham a Cubango e os Brasileiros:
Sambem!


Milton Cunha,
a partir da concepção do Carnavalesco Severo Luzardo Filho.
Pesquisa Julio Cesar Farias.
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