PARÁ - O
MUIRAQUITÃ DO BRASIL
“Sobre
a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia.”
(Eça de Queiroz)
(Eça de Queiroz)
Bateu
com o pé direito no chão com mais força, depois cuspiu para frente! Pronunciou
duas
ou três vezes com voz rouca: Hê,
hyá, hyá, hyá, e seguiu dizendo:
Cúara tece o inicio do dia
É de manhã!
O oby tinge a retina dos
olhos de quem vê
Chocalho de cobra, onça pintada, ariranha, garça
branca e guará!
Cheiro de mato.
É o Uirapuru quem canta
primeiro.
Levo as mãos à pedra verde: Dê-me a sorte oh Muiraquitã!
O ibitu sopra o destino das
águas
Faz o verde do aningal se apekúi
Por de trás da folha verde se vê o povo Tupinambá!
No corpo, seu manto sagrado de pena
Na alma, a incorporação do
poder de um gavião real!
Festança de índio, dia para ritual!
É Karajá, Tapajó, Kayapó, Arara, Araweté, Munduruku e Assurini.
Sou morubixaba de tudo que
se vê por aqui!
No verde encontrei riqueza, “jóia” de índio!
A riqueza que “karaiba” gostou:
O sabor do açaí, a fibra do cupuaçu, tucumã, taperebá e bacuri.
Peixe do rio, caroço da inajá!
É meu, mas eles querem!
A cobiça cruza nossas águas em barco grande
Os olhos do Mapinguari vê
A boiúna faz as águas se apekúi
É gente que chega! Gente de todo canto
A taba pinta o corpo pra
luta
Tupã faz o céu roncar!
Tá guardado no seio da natureza a riqueza que eles procuram
De tudo um pouco eles querem levar
Do ouro da serra à seiva que escorre da ferida no tronco da árvore
Faz seus olhos brilharem!
A “fortuna” que a borracha do
tempo ainda não pode apagar!
Tá aqui até os dias de hoje
Em fachada de casa
Em cristal de lustre que “alumeia” a beleza do theatro.
Até hoje é assim! Pra falar de riqueza pelas bandas daqui, tem que
voltar pra floresta
O dono da terra é quem ensina como é que faz pra lidar com a natureza
Pois é dessas matas que as sementes colhidas vão enfeitar outros
chãos.
Dar adeus a floresta nativa, ser polida, jóia cabocla...sonho de
artesão.
Nesse dia, quando o homem
aprender com a gente daqui, a natureza respeitar
Todo povo vai sair na rua pra cantar.
Nas terras do Marajó, Marabá, Santarém ou em Belém.
Nossa gente vai festejar:
Traz jambú, camarão seco,
tucupi e mandioca.
Oferta a toda gente o tacacá!
Leva o Boi pra rua
Faz festa pra saudar o Boto!
Põe a Marujada pra dançar!
Saia de roda e estampa florida
Roda menino, gira menina
Canta a ciranda mais bonita
Dança o Carimbó e o Siriá!
“Treme” o Povo do Pará!
O artesão fez a sua peça mais bela para ofertar:
Cestaria, cerâmica, um trançado de juta
Da cabaça ele fez cuia, do Miriti arte para brincar!
O romeiro ergue as mãos
Fita com os olhos o azul que tinge o céu.
A santa ouviu a prece do caboclo:
Na corda dos milagres, graça alcançada.
São Mãos que sangram em fé!
Nessa longa caminhada.
Outubro se faz agora!
Meu povo já está na rua
Do altar do carnaval se avista o andor e a berlinda florida
A voz do povo faz o canto ecoar mais uma vez
Quem pede é o folião,
Por hoje, romeiro de fé:
Oh Santa!
Dai-me nas Cinzas desta quarta-feira,
O caminho para mais uma vitória
E uma alegria para a vida inteira!
O Pará, seu sabor, seu cheiro, sua
gente, suas tradições, estão na Avenida.
É a Imperatriz quem lhe apresenta
aos olhos do mundo:
No futuro, um exemplo a ser
seguido.
Carnavalescos:
Cahê Rodrigues, Kaká e Mario Monteiro
Pesquisa
e texto:
Cahê
Rodrigues e Leandro Vieira
Agradecimento
especial:
Sergio Oliveira, grande conhecedor da cultura paraense, pelo apoio consultoria prestada para construção do enredo.
Sergio Oliveira, grande conhecedor da cultura paraense, pelo apoio consultoria prestada para construção do enredo.
GLOSSÁRIO:
Hê, hyá, hyá, hyá – Canto tupinambá
Cuara – sol
Oby – verde
Ibitu – vento
Apekúi – alvoraçar
Morubixaba – cacique, chefe da
tribo
karaíba – homem branco
Mapinguari - Mapinguari
tem o corpo todo coberto de pelos, com a aparência de um enorme macaco. Possui um único olho na testa e
uma boca gigantesca que se estende até a barriga.
Boiuna - Cobra grande
Taba – Aldeia, Lugar
Muiraquitã- Espécie de amuleto
da sorte para os índios
Kayapos, Mundurucu,Asirini,
Tapajós, Tupinambás: Tribos Indígenas
O
Aningal - é uma plantação característica
das ilhas aluviais dos rios amazônicos, principalmente às margens dos rios e igarapés amazônicos.
Cupuaçu,Tucumã, Bacuri,
Taperebá – Frutas da região
Jambú – É uma erva típica da região norte do Brasil, principalmente região amazônica e no estado do
Pará.
O Carimbó
- A mais extraordinária
manifestação de criatividade artística do povo paraense, misturando dança e
canto.
A
Marujada – Uma das mais belas manifestações religiosas
do folclore paraense.
O “Treme” -
é o mais recente ritmo do Pará. Uma mistura de música eletrônica misturada a outros ritmos populares
do estado.
Berlinda
– Espécie de cúpula que leva a nossa Senhora do Nazaré no dia da procissão.
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