Eu sou o samba, a voz de um povo brasileiro!
Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões de corações brasileiros
Salve o samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Salve o samba, queremos samba
Essa melodia de um Brasil feliz.” (Zé Kéti)
1º Setor: A voz do morro sou eu mesmo sim senhor.
Eu sou o samba, muito prazer, filho da mãe África e irmão dos escravos, sou hoje um dos maiores embaixadores do Brasil pelo mundo a fora. Minhas raízes são africanas sim, e dizem que nasci de um ritmo religioso chamado “Semba” que quer dizer umbigada, devido à forma como era dançada.
Vim com os negros bantos de navio para o Brasil, desembarquei na Bahia e muitas vezes consegui calar o lamento dos meus irmãos, e eu ainda era uma criança! Mas fui me identificando muito com esse povo brasileiro. Cresci, me transformei em símbolo de identidade nacional, e hoje sou considerado um dos maiores produtos da cultura brasileira.
Dentre as minhas características originais, está aquela onde a dança é acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, e no Recôncavo Baiano sempre fui chamado de “samba de roda”.
Na segunda metade do século XIX, vim para a cidade do Rio de Janeiro trazido pelos negros que migraram da Bahia e se instalaram na então capital do Império, com isso fui me adaptando ao swing e ao carisma do carioca, e acabei me apaixonando por essa cidade tão maravilhosa.
Comecei a me apresentar sob a forma de diversos ritmos e danças populares em todo o país, em cada cidade uma forma, mas foi aqui no Rio de Janeiro que ganhei maior expressão musical urbana.
Mas o que mais importa mesmo é que hoje me sinto o mais brasileiro dos brasileiros, e modéstia a parte, para não gostar de mim, deve ser “ ruim da cabeça ou doente do pé”.
2º Setor – Quero mostrar ao mundo que tenho valor.
É... Mas nem tudo são flores, durante muito tempo o preconceito contra mim era muito grande, e quem insistisse, mesmo que escondido em divulgar a minha arte, corria um sério risco de ir batucar ou sambar atrás das grades. E isso simplesmente por eu ser ligado à cultura negra, que era muito mal vista na época.
Negro, forte, destemido.Foi duramente perseguido,Na esquina, no botequim, no terreiro.
Resisti, e em 1917, Donga me tornou mais popular ainda, fui gravado em disco, que orgulho! Sob o título de “Pelo Telefone”, que na verdade era uma criação coletiva de músicos que participavam das festas da casa de tia Ciata, (baiana que me trouxe na bagagem em sua vinda aqui para o Rio de Janeiro). Partideira reconhecida que cantava com autoridade respondendo aos refrões nas festas que se arrastavam por dias. Tia Ciata cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e que a cantoria nunca parasse.
A partir daquele momento comecei a passear por todo o país, e fui muito bem recebido em todos os lugares onde cheguei. Inicialmente associado ao carnaval e posteriormente adquirindo lugar próprio no mercado musical. Com isso surgiram vários compositores, que me tornaram ainda mais popular e querido por uma grande parte da sociedade.
Comecei a ganhar contornos modernos somente no final da década de 1920, a partir das inovações de um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz, e dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos.
Fui conquistando o mundo principalmente na voz da pequena notável “Carmem Miranda”. E a partir dessa época, surgiriam grandes nomes do samba, entre eles Ismael Silva, Cartola, Ari Barroso, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho, entre muitos outros.
A medida que me consolidava como uma expressão urbana e moderna, passei a ser tocado nas rádios, me espalhando pelos morros cariocas e bairros da zona sul do Rio de Janeiro, conquistando até o público de classe média também.
“Inocente, pé-no-chão,A fidalguia do salão,Te abraçou, te envolveu”.
Modéstia a parte, foi através de mim que outras formas musicais ganharam denominações próprias, como o samba de gafieira, o samba-enredo, o samba de breque, o samba-canção, o samba-rock, a bossa nova, o partido alto, o pagode, entre outros.
3º Setor – Sou eu quem levo a alegria para milhões de corações brasileiros.
Nessa longa trajetória é que pude perceber que talvez tenha sido essa minha forma de me expressar, sempre simpático, bem humorado e com uma malandragem peculiar do carioca que me fez ganhar fama por aqui, e indepedente de modismos.
Nas chamadas “Rodas de Samba” é que me sinto muito bem, pois ali ninguém precisa de grandes desprendimentos financeiros, e o único compromisso é se divertir, pois as pessoas cantam e dançam durante horas em torno de uma mesa regada a muita cerveja. Não há estresse que resista!
Sou hoje tão importante que no dia 02 de dezembro comemoram o meu dia. E atualmente duas cidades, Salvador e Rio de Janeiro, me prestam homenagem de forma muito animada.
Sob a batuta do músico Edil Pacheco, Salvador sempre tem promovido grandes shows no pelourinho. Já no Rio de Janeiro a divertidissima festa fica por conta do Pagode do Trem. Idealizada e comandada pelo compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz. Quando sambistas se reúnem lá na Central do Brasil, lotam um trem inteirinho e vão tocando e cantando até o bairro de Oswaldo Cruz, onde lá formam-se várias rodas para me homenagear. Os vagões vão sempre lotados e em cada vagão vai um grupo que agita a cantoria, incluindo grupos com sambistas famosos ou locais.
Graças à paixão de grandes nomes consagrados e também do gosto popular pela “minha pessoa”, é que fui eleito oficialmente “Patrimônio Cultural do Brasil”. Agora sim, sei que agonizei durante um período, mas tenho hoje a certeza de que não morrerei jamais. E isso é mais um grande motivo para comemorarmos!
E como jamais eu poderia ficar de fora, faço parte também de uma das comemorações mais populares e representativas do mundo, “o carnaval”, onde sou a trilha sonora de um delírio que desfila na avenida encantando o público com formas, cores e muita euforia. Momento em que os foliões vestem e desfilam a arte desenvolvida pelos artistas que constroem esta grande festa.
“Meu Deus vem olharVem ver de perto umacidade a cantara evolução da liberdade.”
Hoje para minha grande felicidade me sinto muito orgulhoso por minha história ser contada e cantada na Avenida pela União do Parque Curicica, que de certa forma presta também uma grande homenagem a todas as escolas de samba que há tempos vem ajudando de forma grandiosa a consolidar meu nome no Brasil e no mundo!
Carnavalesco: Amauri Santos
Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões de corações brasileiros
Salve o samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Salve o samba, queremos samba
Essa melodia de um Brasil feliz.” (Zé Kéti)
1º Setor: A voz do morro sou eu mesmo sim senhor.
Eu sou o samba, muito prazer, filho da mãe África e irmão dos escravos, sou hoje um dos maiores embaixadores do Brasil pelo mundo a fora. Minhas raízes são africanas sim, e dizem que nasci de um ritmo religioso chamado “Semba” que quer dizer umbigada, devido à forma como era dançada.
Vim com os negros bantos de navio para o Brasil, desembarquei na Bahia e muitas vezes consegui calar o lamento dos meus irmãos, e eu ainda era uma criança! Mas fui me identificando muito com esse povo brasileiro. Cresci, me transformei em símbolo de identidade nacional, e hoje sou considerado um dos maiores produtos da cultura brasileira.
Dentre as minhas características originais, está aquela onde a dança é acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, e no Recôncavo Baiano sempre fui chamado de “samba de roda”.
Na segunda metade do século XIX, vim para a cidade do Rio de Janeiro trazido pelos negros que migraram da Bahia e se instalaram na então capital do Império, com isso fui me adaptando ao swing e ao carisma do carioca, e acabei me apaixonando por essa cidade tão maravilhosa.
Comecei a me apresentar sob a forma de diversos ritmos e danças populares em todo o país, em cada cidade uma forma, mas foi aqui no Rio de Janeiro que ganhei maior expressão musical urbana.
Mas o que mais importa mesmo é que hoje me sinto o mais brasileiro dos brasileiros, e modéstia a parte, para não gostar de mim, deve ser “ ruim da cabeça ou doente do pé”.
2º Setor – Quero mostrar ao mundo que tenho valor.
É... Mas nem tudo são flores, durante muito tempo o preconceito contra mim era muito grande, e quem insistisse, mesmo que escondido em divulgar a minha arte, corria um sério risco de ir batucar ou sambar atrás das grades. E isso simplesmente por eu ser ligado à cultura negra, que era muito mal vista na época.
Negro, forte, destemido.Foi duramente perseguido,Na esquina, no botequim, no terreiro.
Resisti, e em 1917, Donga me tornou mais popular ainda, fui gravado em disco, que orgulho! Sob o título de “Pelo Telefone”, que na verdade era uma criação coletiva de músicos que participavam das festas da casa de tia Ciata, (baiana que me trouxe na bagagem em sua vinda aqui para o Rio de Janeiro). Partideira reconhecida que cantava com autoridade respondendo aos refrões nas festas que se arrastavam por dias. Tia Ciata cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e que a cantoria nunca parasse.
A partir daquele momento comecei a passear por todo o país, e fui muito bem recebido em todos os lugares onde cheguei. Inicialmente associado ao carnaval e posteriormente adquirindo lugar próprio no mercado musical. Com isso surgiram vários compositores, que me tornaram ainda mais popular e querido por uma grande parte da sociedade.
Comecei a ganhar contornos modernos somente no final da década de 1920, a partir das inovações de um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz, e dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos.
Fui conquistando o mundo principalmente na voz da pequena notável “Carmem Miranda”. E a partir dessa época, surgiriam grandes nomes do samba, entre eles Ismael Silva, Cartola, Ari Barroso, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho, entre muitos outros.
A medida que me consolidava como uma expressão urbana e moderna, passei a ser tocado nas rádios, me espalhando pelos morros cariocas e bairros da zona sul do Rio de Janeiro, conquistando até o público de classe média também.
“Inocente, pé-no-chão,A fidalguia do salão,Te abraçou, te envolveu”.
Modéstia a parte, foi através de mim que outras formas musicais ganharam denominações próprias, como o samba de gafieira, o samba-enredo, o samba de breque, o samba-canção, o samba-rock, a bossa nova, o partido alto, o pagode, entre outros.
3º Setor – Sou eu quem levo a alegria para milhões de corações brasileiros.
Nessa longa trajetória é que pude perceber que talvez tenha sido essa minha forma de me expressar, sempre simpático, bem humorado e com uma malandragem peculiar do carioca que me fez ganhar fama por aqui, e indepedente de modismos.
Nas chamadas “Rodas de Samba” é que me sinto muito bem, pois ali ninguém precisa de grandes desprendimentos financeiros, e o único compromisso é se divertir, pois as pessoas cantam e dançam durante horas em torno de uma mesa regada a muita cerveja. Não há estresse que resista!
Sou hoje tão importante que no dia 02 de dezembro comemoram o meu dia. E atualmente duas cidades, Salvador e Rio de Janeiro, me prestam homenagem de forma muito animada.
Sob a batuta do músico Edil Pacheco, Salvador sempre tem promovido grandes shows no pelourinho. Já no Rio de Janeiro a divertidissima festa fica por conta do Pagode do Trem. Idealizada e comandada pelo compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz. Quando sambistas se reúnem lá na Central do Brasil, lotam um trem inteirinho e vão tocando e cantando até o bairro de Oswaldo Cruz, onde lá formam-se várias rodas para me homenagear. Os vagões vão sempre lotados e em cada vagão vai um grupo que agita a cantoria, incluindo grupos com sambistas famosos ou locais.
Graças à paixão de grandes nomes consagrados e também do gosto popular pela “minha pessoa”, é que fui eleito oficialmente “Patrimônio Cultural do Brasil”. Agora sim, sei que agonizei durante um período, mas tenho hoje a certeza de que não morrerei jamais. E isso é mais um grande motivo para comemorarmos!
E como jamais eu poderia ficar de fora, faço parte também de uma das comemorações mais populares e representativas do mundo, “o carnaval”, onde sou a trilha sonora de um delírio que desfila na avenida encantando o público com formas, cores e muita euforia. Momento em que os foliões vestem e desfilam a arte desenvolvida pelos artistas que constroem esta grande festa.
“Meu Deus vem olharVem ver de perto umacidade a cantara evolução da liberdade.”
Hoje para minha grande felicidade me sinto muito orgulhoso por minha história ser contada e cantada na Avenida pela União do Parque Curicica, que de certa forma presta também uma grande homenagem a todas as escolas de samba que há tempos vem ajudando de forma grandiosa a consolidar meu nome no Brasil e no mundo!
Carnavalesco: Amauri Santos
muito boa a sinopse
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